Boas práticas na visualização de dados

Conheça os gráficos mais adequados para diferentes situações com base nos tipos de representação mais utilizadas em relatórios de Business Intelligence.

Por Amanda Zacharuk e Giovanna Gadelha

A visualização de dados, ou Dataviz, é a representação gráfica dos dados, com o objetivo de demonstrar informações relevantes em determinado contexto. Com a atual era dos dados, há uma grande necessidade de utilizá-los para tomada de decisões, apoio ao negócio e para controle de organizações quando falamos em um cenário corporativo. Você pode aprofundar mais o tema neste outro artigo: Visualização de dados, a arte de comunicar.

Com a grande quantidade existente de fontes, conexões, cruzamento dos dados e a quantidade dos mesmos, no entanto, a tarefa de utilizá-los para comunicar pode acabar se tornando desafiadora. Com isso, é necessário refletir sobre a mensagem que deseja-se informar e ainda qual a melhor maneira de representá-la.

O objetivo do presente artigo, então, é exemplificar e demonstrar os gráficos mais adequados para diferentes situações, com base nos tipos de representação mais utilizadas em relatórios de Business Intelligence (BI). Para isso, utilizamos um conjunto de dados de vendas, obtido através do curso Introduction to Data Analysis with Microsoft Power BI da plataforma Udemy e a própria ferramenta Power BI para criação dos gráficos de exemplo.

Gráficos para comparação

É comum encontrarmos a necessidade de comparar valores de diferentes fontes em relatórios de dados. Podemos ter diversas categorias que precisam ser analisadas e comparadas, como nos exemplos abaixo, onde analisamos os lucros em relação aos diferentes tipos de produtos e canais de vendas.

Gráfico de barra

Nesse primeiro exemplo, estamos utilizando um dos gráficos mais comuns, o gráfico de barras. Por ser um gráfico bastante conhecido, o público precisa de menos tempo para se ambientar com ele e pode focar a sua atenção nas informações disponíveis. Para análises de comparação, é um gráfico que cumpre muito bem o objetivo, podendo ser usado, como no exemplo, para comparar o lucro de vendas entre diferentes categorias de produtos.

Gráfico de barra

Nós podemos perceber que, com o auxílio dos valores exibidos em cada coluna, é fácil identificar o total do lucro em cada categoria de produto, iniciando pela esquerda com os maiores valores e chegando ao fim com os produtos que proporcionam um lucro menor.
 
Gráfico de pizza

O gráfico de pizza é provavelmente o que mais divide opiniões, porém quando bem utilizado pode ajudar na comparação correta de valores. Esse visual é indicado quando queremos comparar poucas categorias entre si, dessa forma não poluindo o gráfico com um grande número de informações.

Gráfico de pizza

No exemplo acima, apresentamos o total de lucro por cada canal de compra nos quais acontecem as vendas. Com o gráfico, fica claro, assim que batemos o olho, quais canais foram responsáveis por um lucro maior das vendas. Isso acontece porque existe uma diferença entre os valores e temos somente quatro categorias representadas. Com valores mais próximos e um número maior de categorias, o gráfico de pizza não seria mais uma boa opção.
 
Gráfico de Treemap

Podemos usar o Treemap como uma variação do gráfico de pizza, quando queremos comparar valores. Esse gráfico permite um número maior de categorias e conseguimos comparar a participação de cada uma delas no total, através do tamanho de cada quadrado.

Gráfico de Treemap

No exemplo, é possível comparar a participação de cada categoria de produto na obtenção do lucro da empresa. Estamos analisando seis categorias diferentes e, por isso, conseguimos ver os dados de forma clara. Assim como no gráfico de pizza, se exageramos no número de informações apresentadas, podemos perder a objetividade e clareza do visual.
 

Gráficos para Key Metrics

As Key Metrics (ou Métricas Chave) são as informações mais importantes em relação às estratégias do negócio. Elas estão diretamente relacionadas às metas da empresa e precisam ser destacadas nos relatórios de dados, para que quando uma pessoa tenha contato com o visual, toda a sua atenção seja focada primeiramente nessas informações.

Cards

Os cards são a maneira mais simples e resumida de apresentar os dados chaves. Com eles nós conseguimos trazer, além da informação, um título descrevendo rapidamente os dados apresentados.

Card

No gráfico acima, estamos mostrando o lucro total atingido pela empresa, trazendo somente o valor obtido e um título resumido. Apesar da simplicidade do visual, ele consegue cumprir o objetivo de apresentar uma informação chave de uma forma que chama a atenção para ela.

Card múltiplo

Em algumas situações, pode surgir a necessidade de apresentarmos mais de uma métrica chave por vez. Nessas situações, o card perde a sua utilidade. Porém, o Power BI apresenta uma alternativa para esses momentos, que seria o Card Múltiplo. Com esse visual nós podemos expôr mais de uma informação por vez, ao mesmo tempo que colocamos elas em destaque.

Card múltiplo

Aqui, estamos apresentando, como no exemplo anterior, o lucro obtido, porém destacando os valores alcançados em cada região do mundo.

Tabelas

Com as tabelas temos ainda uma outra forma de apresentar os dados chaves em um relatório. Assim como no card múltiplo, podemos ter mais de uma métrica que deve ser mostrada em conjunto e as tabelas cumprem esse objetivo.

Tabelas

Nesse exemplo, nós estamos mostrando o lucro que cada região obteve, assim como o total geral. As tabelas podem ser utilizadas nos relatórios para diferentes objetivos e por ser um visual simples, facilita a interpretação dos dados pelos usuários.
 

Gráficos para análises temporais

Quando há a necessidade de analisar dados através do tempo, como questões de evolução, comparação de resultados entre determinados períodos de tempo ou até mesmo uma visualização que demonstra o histórico de determinado contexto, as representações mais indicadas são o gráfico de linha, gráfico de área e a matriz. Ainda no Power BI há a possibilidade de utilizar a hierarquia de datas, em que podemos ver os dados em ano, ano / trimestre, ano / trimestre / mês e ano / trimestre / mês / dia. Essa funcionalidade é bem importante quando é preciso uma análise mais detalhada e é bastante útil para representar os dados de maneira hierárquica.

Gráfico de linha

No primeiro exemplo, trouxemos um dos gráficos mais utilizados para análises temporais: o gráfico de linha. Ele é o mais indicado, pois nos revela as tendências ou mudanças ao longo do tempo, em que podemos ver através da variação da linha. Ou seja, quando há um aumento ao longo de um período a linha tende a subir, assim como quando há uma diminuição a linha tende a abaixar. Utilizamos ele para visualizar o total de vendas por data, utilizando a hierarquia de ano / mês.

Gráfico de linha

A partir do gráfico criado, podemos observar os períodos de tempo em que ocorreu maior número de vendas, assim como, as quedas. A partir da variação da linha, torna-se bastante intuitivo perceber em quais momentos ocorre a situação que deseja-se analisar, em que nesse caso é o total de vendas. Assim, é possível investigar e fazer análises mais detalhadas para entender o porquê dos resultados demonstrados na visualização.

Gráfico de área

Já no segundo exemplo, temos uma variação do gráfico de linha: o gráfico de área. Ele utiliza áreas preenchidas ou sombreadas abaixo das linhas como maneira de indicar o volume dos dados. O objetivo é o mesmo que o gráfico de linha, revelar tendências ou mudanças ao longo do tempo, no entanto, ele permite visualizar o detalhamento de alguma métrica em determinado período. Com isso, também o utilizamos para visualizar o total de vendas por data, mas classificando os dados a partir do tipo de produto.

Gráfico de área

A partir do gráfico criado, podemos observar o número total de vendas por categoria de produto e o volume que os dados representam. A ideia de usar o gráfico de área auxilia também a visualizar a dimensão da métrica escolhida, que nesse caso foi o tipo de produto, aplicada em um período de tempo, em que nesse caso também foi utilizada a hierarquia de ano / mês.

Matriz

Por fim, também podemos utilizar a visualização de Matriz para demonstrar o total de vendas por data. Esse tipo de representação é bastante semelhante a uma tabela, no entanto ela permite a agregação automática de dados e exibe os mesmos em várias dimensões. Utilizá-la para análises temporais remete a ideia de histórico e permite uma visualização mais detalhada do que deseja-se analisar em determinado período de tempo.

Matriz

A partir da visualização criada podemos observar o total de vendas a cada ano e o valor por mês. A visualização demonstrada remete a um histórico em que é possível visualizar todas as movimentações, que nesse caso é o total de vendas, por mês agrupando os valores de maneira intuitiva para análises mais detalhadas.
 

Gráficos para análises de ranking

Por fim, um outro tipo de análise bem comum em relatórios de BI é o ranking. Para descobrir quais produtos foram mais vendidos ou até mesmo qual foi o vendedor que gerou mais lucro para a empresa é utilizado um ranking de top n (sendo n a quantidade desejada) sobre uma métrica específica. Por mais que a quantidade de n possa ser menor, o tipo de coluna escolhida para visualizar pode apresentar muitas categorias e com isso, gráficos de pizza ou de linhas não são os mais adequados para tal cenário, visto que, acabam por deixar a informação confusa e não apresentar de maneira direta o resultado que se deseja. Portanto, para gráficos de ranking recomenda-se utilizar o gráfico de barras ou até mesmo uma tabela, como iremos ver nos exemplos abaixo.

Tabela

O primeiro exemplo de representação utilizada para ranking é uma simples tabela, em que podemos colocar os dados necessários e ordená-los da maneira que se deseja. Por exemplo, com o conjunto de dados utilizado, gostaríamos de analisar as cinco marcas que mais venderam. Para isso, apresentamos todas as marcas em uma tabela e o total de vendas de cada uma, ordenamos esses dados de maior para menor e com isso, destacamos as cinco primeiras marcas que apresentaram, então, a maior quantidade de vendas realizadas.

Tabela

Tabelas são bastante utilizadas para demonstrar os dados de maneira simples para que a interpretação da informação seja feita diretamente pelo usuário. Auxiliando também em casos em que é necessário um nível de detalhamento maior. No entanto, no caso do ranking ela também pode ser utilizada, facilitando muito a visualização devido a sua simplicidade. Além disso, é possível destacar os dados principais para que a interpretação seja direta e não necessite de uma análise mais detalhada pelo usuário.

Gráficos de barras

O gráfico de barras serve para resumir um conjunto de dados categóricos, com isso ele pode ser utilizado em diferentes situações, como visto anteriormente nos gráficos comparativos. Por ser bastante versátil, o gráfico de barras também pode ser utilizado para ranking, facilitando a visualização de maneira gráfica através do comprimento das barras. Com isso, também torna a interpretação do que se deseja mais direta.

Gráfico de barras

No exemplo acima podemos ver as cinco marcas que mais venderam, dessa vez, em um gráfico de barras. Além da indicação das barras, a interpretação também pode ser auxiliada com o destaque de uma cor diferente. Podemos observar que tanto a tabela quanto o gráfico de barras trouxeram a mesma informação de maneira eficiente e objetiva. Por isso, essas duas representações são as mais adequadas para demonstrar um ranking em determinado conjunto de dados.

Exemplo não adequado: Gráfico de pizza

Como dito anteriormente, quando queremos analisar o ranking de determinado conjunto de dados, precisamos que a informação seja demonstrada de maneira simples e direta e até por esse motivo que as tabelas e o gráfico de barra são os mais utilizados nesse caso. Para demonstrar um exemplo não adequado podemos citar o gráfico de pizza, como demonstrado abaixo.

Gráfico de pizza

Quando utilizamos o gráfico de pizza para representar um resumo de dados categóricos a informação pode ficar bastante confusa e de difícil entendimento / visualização. Isso ocorre devido ao número de categorias, se for muito grande a interpretação pode demorar mais tempo devido ao esforço de enxergar a parcela de maior valor. Além disso, se os dados apresentarem um valor aproximado, fica bastante difícil de encontrar a diferença entre eles e com isso, há a possibilidade de interpretar de maneira errada a informação que deseja-se extrair.

A visualização de dados nos permite a comunicação dos dados e a transformação dos mesmos para uma informação que agrega valor ao negócio de determinada organização. Portanto, é de extrema importância utilizar boas práticas na construção de gráficos, para que a comunicação seja assertiva e direta ao usuário. O presente artigo buscou trazer exemplos de visualizações mais utilizadas e comuns na criação de relatórios de Business Intelligence (BI), com o intuito de demonstrar as melhores formas que os dados podem ser representados, auxiliando, assim, na comunicação clara e objetiva. Abaixo, deixamos referências que auxiliam no uso de boas práticas na visualização de dados.

Curso da Udemy: Introduction to Data Analysis with Microsoft Power BI
Livro Storytelling com Dados: Um guia sobre visualização de dados para profissionais de negócios de Cole Nussbaumer Knaflic
Indicação de site: From Data to Viz

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